sexta-feira, 24 de junho de 2011

O fantasma.

Já se passaram mais de seis anos após o horrível fato ter ocorrido, nem me lembrava mais como era sentir dor, ficar ansiosa, sentir-me perdida, ter crise existencial. Olhar para o espelho e ver apenas um borrão daquilo que eu deveria ser. Eu jurava que tinha me libertado daquelas imagens, da preparação dolorosa para nada receber. –Menina louca, assim pensaram. Perdi minha semente, assim pensei. Nunca me esqueço do quarto, do parto, da cama. Meus olhos ficaram cegos, o tato indicava as mãos de minha mãe que acompanhava (sofrimento de “vó”).

As luzes apontavam o caminho para o fim, havia muitas pessoas naquele lugar, lentamente fechava os olhos até adormecer. Jazia num sono quase profundo, acordei tentando me mover. Era necessário que eu conseguisse mover os dedos dos pés, não podia mover a cabeça, poderia ter seqüelas e sofrer de náuseas o resto da vida (acho que sacudi demais ).

De volta ao quarto, não conseguia dormir ao som do cortador de grama, o sol raiava lá fora, ele me convidava a sair daquele escuro ambiente. Saí portão afora, em busca de um lugar, meus pés não podiam parar, era triste demais aceitar voltar para casa e ver as roupas da guria...

2 comentários:

  1. Algumas pessoas são feitas de papel. Qualquer vento as leva.
    Outras são feitas de um tipo de borracha. Se desdobram como podem, mas acabam cedendo com o tempo.
    Raras são aquelas feitas de diamante. Estas sim, mesmo com o desgaste do tempo e dos fatos, conseguem sempre retornar ao seu brilho original.

    Inteh mais, pessoa rara.

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  2. A cada dia que passa sinto estar sendo esculpida novamente, ou retornando a real forma.Seja como for, rara são aquelas que enxergam brilho numa pedra escura e opaca...
    Estas estão quase extintas...quase...

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