sexta-feira, 24 de junho de 2011

O fantasma.

Já se passaram mais de seis anos após o horrível fato ter ocorrido, nem me lembrava mais como era sentir dor, ficar ansiosa, sentir-me perdida, ter crise existencial. Olhar para o espelho e ver apenas um borrão daquilo que eu deveria ser. Eu jurava que tinha me libertado daquelas imagens, da preparação dolorosa para nada receber. –Menina louca, assim pensaram. Perdi minha semente, assim pensei. Nunca me esqueço do quarto, do parto, da cama. Meus olhos ficaram cegos, o tato indicava as mãos de minha mãe que acompanhava (sofrimento de “vó”).

As luzes apontavam o caminho para o fim, havia muitas pessoas naquele lugar, lentamente fechava os olhos até adormecer. Jazia num sono quase profundo, acordei tentando me mover. Era necessário que eu conseguisse mover os dedos dos pés, não podia mover a cabeça, poderia ter seqüelas e sofrer de náuseas o resto da vida (acho que sacudi demais ).

De volta ao quarto, não conseguia dormir ao som do cortador de grama, o sol raiava lá fora, ele me convidava a sair daquele escuro ambiente. Saí portão afora, em busca de um lugar, meus pés não podiam parar, era triste demais aceitar voltar para casa e ver as roupas da guria...

domingo, 12 de junho de 2011

Persistência.

Abre, fecha


Fecha, abre

Um , dois, três minutos

Quatro, cinco, seis horas

Sabem-se lá quantos dias.

Lacuna, vazio, buraco

Preto, branco, ausência de cores

Doce, amargo, sem paladar

Musica , som, silêncio

Abre, fecha

Fecha, abre

Falo, grito, me calo

Tato, palato...

...To perdendo meus sentidos.

Abre, fecha

Fecha, abre...

...entristeço, enfraqueço, enlouqueço.

Abre, fecha

Fecha, abre.


Carla Guerra.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Poeminha sem fim...

Desejo que você encontre o amarelo perfeito que combine com seu tom de verde



Que todas as borboletas da parede voem para dentro de ti


Que elas saiam de lá quando estiverem enfeitiçadas pelo som que de fora se propagará


Esse será o sinal de que você poderá apanhar seu girassol


Que ele te doe a semente que alimentará os pássaros


Te dê a muda para nascer aquele que será especial...



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aquilo que não tem nome .

Procurei uma canção que falasse o que eu sinto



Li muitos poemas para encontrar a expressão exata


Nada era o que eu precisava.


Assisti alguns há filmes que relatassem algo semelhante a nossa história


Em nenhum deles encontrei o que esperava.


Resolvi então tentar expressar isso em palavras cuja quais eu fosse autora


E me peguei, piegas:


A felicidade não tem dia, nem hora exata para chegar


Não escrevo a respeito daquela felicidade comum, cotidiana


Escrevo aqui sobre a Felicidade com “F” maiúsculo


Aquela que costuma ser mágica.


Para cada um ela apresenta diferente forma,


Por exemplo:


Felicidade pode aparecer na segunda, na terça, ou na quarta-feira.


Pode ser às cinco da manhã, ao meio dia ou às 17h56min da tarde...


Ela pode ser transmitida por alguém tão próximo, por um estranho, ou,


Por um estranho conhecido...


Ela surge entre uma tela, uma vela, uma porta


No trabalho, numa praça, num bar


O sintoma dela é quando você acha graça em tudo


Desde uma luz que “brota” o chão,


Uma estrela cadente que passa por entre a janela,


Uma conversa onde não há definição...


Recebe um abraço verdadeiro,


Valoriza e sente-se valorizado pelo simples fato de estar vivo


Minha nossa! É uma sensação tão boa e tão positiva


Que começo a entender porque não a encontro


Ela é feita para sentir e não para ser descrita


Impossível detalhar ou dar nome ao que vivo


Felicidade foi uma palavra que coloquei, para não haver lacunas


Ela existe, ela surge, mas só permanece para quem abrigá-la.


Carla Guerra.